segunda-feira, 19 de abril de 2010

É preciso não esquecer nada



É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.


É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
 vigiados pelos próprios olhos
 severos conosco, pois o resto não nos pertence.


                           Cecília Meireles (1962)

Um comentário:

DuhMoura disse...

Foi bem criativo de sua parte postar esse poema Mari, e eu ainda li ouvindo coldplay.. rsrss, faz agente pensar em coisas qe antes lembravamos excessivamente sem necessidade. rsrs'