segunda-feira, 31 de maio de 2010


Ouça a Música aí de cima...


"Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...
Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu..."

              (Aquarela - Toquinho)





É neste lugar que me encontro.
É nessa solidão que me faz te lembrar,
a sós. Enfim.
Nada por mim, apenas os sonhos
que se transformarão em silhuetas
vermelhas, e sons.
Destoa meu timbre infiltrado no seu,
é meu esse fôlego, é teu.
Melhor que as águas do mar,
tão puro quanto o brilho das estrelas
no céu.
Melhor então, que um lual ao lado dos amigos;
é estar
meu bem,
contigo.
Te embalar nos meus sonos de criança
mimada.
Te mostrar o quanto a vida é cruel
e engraçada.
Te falar ao pé d'ouvido essas coisas de amor.
Te calar com um beijo, e um sopro
um calor.
Ao invés de me julgar tão atrevido e galante;
minha poesia é pra ti linda fada.
Tao pequena dentro deste vestido cor de sol.
Esses olhos de menina medrosa
faz meu peito pulsar coisas novas.
Eu te trago comigo em meu coração,
e te levo até a fronteira desta galáxia
impermeável que é minh'alma;
a te buscar impenetrável a outros olhos.
Tua nudez me incita.
                              (By Mari...)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

As promessas acabaram
miúdas pétalas sob o chão.
Caiu a noite e a lágrima
do esguio dos meus sonhos.
Ah frajutos sonhos estes meus!
De assombros e caos de existir.
São só pétalas esmagadas,
são só cores com esse toque negro
de esmagar.
As marcas que ficam não tem cura
A flor que murcha não tem mais vida
A vida é santa e mais amena neste quarto.
Tenho me livrado das línguas, dos furtos
e sobressaltos do coração, por às vezes
da alma.
  (Mari)

Estive só por esse dias, fiz frases ao anoitecer
Teci uns brins acetinados de saudade.
Cai no céu de uma estrela quase nua,
Até vi a lua, pobrezinha ali sozinha.
E eu aqui, sozinha vendo a lua me olhar e quem sabe o que estava a pensar? Claro! "Em mim pobrezinha, aqui sozinha, nessa janelinha a a te fitar". Luar de brandos toques, luar que faz a brisa ficar bonita, luar que enfeita essa minha noite, pobre noite. O espelho se quebrou.


Sai correndo por entre as árvores e dei um berro:
-Cadê João que não me vem para o almoço? Cadê o homem que me fez promessas à beira do lago? Cadê ele? Cadê ele!?
O meu amor se foi com o vento naquele dia, ele nunca mais voltou, nem preciso preparar o almoço, nem pr'um cafézinho ele apareceu. Nem pra me dizer que não era eu. Nem pra me chamar de insana, de burra ou de bruaca! Nem pra esbofetar essa minha cara. Nem um adeus. Nem um sinal.

E é tudo isso que me dói mais.
                   (By Mari)   

sábado, 1 de maio de 2010

                                                   
"Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só
Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar."

                                (Alberto Caeiro; Heterônimo -Fernando Pessoa)

Sombra e Névoa


Cai o crepúsculo. Chove.
Sobe a névoa... A sombra desce...
Como a tarde me entristece!
Como a chuva me comove!
Cai a tarde, muda e calma...
Cai a chuva, fina e fria...
Anda no ar a nostalgia,
Que é névoa e sombra em minh’alma.

Há não sei que afinidade
Entre mim e a natureza:
Cai a tarde... Que tristeza!
Cai a chuva... Que saudade!
                          (Da Costa e Silva)