domingo, 28 de março de 2010





'Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...'



(Florbela)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Seria de súbita vontade ir até aquele lugar.
Ventos fortes cortando o rosto pálido, e com expressão triste, de se ver.
Saíram galopando por entre as árvores em desespero e palpitações.
Ver um traço luminoso no céu, em meio à escuridão daquela mata,
É só o sol mostrando sua vida em cores de ouro vivo.
Bem marcados como os animais, iniciais de um nome oculto,
Nem ao menos sabiam de onde vinham.
Lugar sem dono, homens sem identidade. Figuras, esboços guardados num baú.
Vestidos de princesa. Corpetes de seda, com um tocar de organza fina e rendas.
Virava a noite, já era dia, e num ponto de luz na imensidão. Era mato fechado, escuridão e fogo.
Um rio que corta por entre a relva molhada. Milhões de vozes a gritar por liberdade!
É puro, o sangue que derramam. É de lágrimas que os olhos estão inundados. Um suor quase que feito de sal. São milhões de vozes, pedindo socorro, em vão. Sem maldade.

terça-feira, 16 de março de 2010

Rever-te em meus braços é como uma oração.
Deixá-lo suspirar em meus ouvidos, gestos cálidos.
Me despi por detrás das cortinas de seda, seus olhos a me fitar.
Aquele cigarro que não passa de instrumento. Apagado, em meus lábios mornos e alagados.
Este corpo me traz a recordação de um passado solto em ventos fúnebres e largos de folhas e melancolias.
Sentia em meus braços o puxar daquele outro que não era uma vontade estúpida, era apenas aquilo de não ter escolha apenas.
Fiz poemas em noites de lua cheia. E lá estava o seu paradeiro tão distante de meus olhos.
Forçamos quase que uma volta, essa estrada derrapada. Essa estrada de sertões e fibras neutras. Sou quase que uma menina abandonada por quem não conheço e espero chegar.
Em nobres noites, bebidas e aromas exóticos.
Neste quarto só me resta os restos. Meus restos de gente quase que indigente.
Amanhã tudo continua. Amanhã uma nova estória, a mesma melancolia.
Assim, até meu adeus, e enfim o mundo ficara livre de mim.