terça-feira, 20 de abril de 2010


Ode à presença remota e bailarina-menina


Te falo sedas. Te digo
Fitas, presilhas, arcos,
A extensura do limite:
O voar-se em delicadeza.

Desliza, salta, inventa
Tua medida. Teu limite-aeróbico,
Combina tuas levezas
E canta com o Corpo.
Te faz presença e maravilha
Te faz bailarina dos eternos
Nos nossos olhos de encantos.


Te experimenta bailando
Ousada de pinturas
Ígnea em movimentos
Te imagina saltando finuras
Que ensaiaste. Que desempenhaste
Com brandura, doçura, exatidão.


Te imagina assim suspensa
Na sua própria leveza de moça
No seu voaz do corpo.


Pé-pós-pés.
Salta. Enfeita a plateia.
Desmesura o Corpo.
Anseia perfeição.
A tua, não a minha.


A tua, menina-bailarina,
A tua contorção de membros
A tua postura erecta
A tua isenção e liberdade
Do desprendimento.
Do fulgor.
Das tuas cadências de donzela
Que se desfazem bailando.


Menina-azul. Menina-rímel,
Bailarina no de-dentro
No breve roçar da sapatilha
Deslizando os teus cuidados


Na ramagem de umas notas
Que vem do fundo-coração:
Te digo sublimidade intocada
E exasperação perfeita
Das tuas formas revestidas.

Traz contigo voz e sopro
Nos delicados do corpo
Nas artimanhas e movimentos
Move-te fugidia como se fosses
Desaparecer. Como se fosses
Suspender as tuas alturas
E penetrar no intricado
Da música. Do som. Da tua voz.

Do teu corpo de menina-bailarina.
                                       (Die)

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